Athena é uma das deusas mais conhecidas na mitologia
grega. Dentre muitos atributos e características que recebeu ao longo do tempo
Athena é uma deusa virgem. Mas essa virgindade, relatada nos mitos, vai muito
além do sentido sexual.
As mulheres gregas eram geralmente mantidas em casa fazendo
serviços domésticos e geralmente não eram vistas “passeando” pelas pólis. Elas estavam
sempre sob a influência e “posse” de um homem. Fosse o pai, o marido, cunhado,
filho, etc.
Athena chega então, "questionando" esses conceitos. No
mito de seu nascimento Zeus persegue Métis, que se nega a manter relações com
ele. Zeus não aceita a negativa e sob a forma de um animal a devora; após certo
tempo Zeus sente fortes dores de cabeça, não aguentando, pede a Hefesto que
abra sua cabeça com um machado. Da cabeça partida de Zeus nasce Athena.
Em oposição a essa concepção nada consensual Athena
nasce adulta, independente e já armada para guerra. Athena conquista o favoritismo de Zeus que, na visão de Homero, não gostava de Ares. Athena é vista como
general de guerra enquanto Ares é associado aos soldados.
Athena reúne muitos atributos considerados masculinos
na sociedade grega, Athena é deusa da guerra, deusa da sabedoria, deusa da
lógica.
Por essas razões alguns mitólogos modernos associam-na
muito mais à energia masculina, o princípio yang que a feminina, o
Yin. No entanto Athena também tinha seus aspectos femininos, como deusa da
tecelagem, por exemplo, ou como mãe de Erictónio.
Athena demonstra, dessa forma, uma liberdade de ser.
Uma redefinição de gênero. Athena é guerreira, Athena é sábia, livre de donos,
uma figura pensante e sem amarras, e mesmo assim, mulher.
Na atualidade podemos associar esse aspecto de
liberdade de gênero e funções sociais tanto ao feminismo, que vem lutando por
igualdade, quanto aos movimentos das/dos travestis e transexuais que lutam pelo
direito de ser quem são.