Athena e a desconstrução de gênero

sábado, 7 de abril de 2012

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Athena é uma das deusas mais conhecidas na mitologia grega. Dentre muitos atributos e características que recebeu ao longo do tempo Athena é uma deusa virgem. Mas essa virgindade, relatada nos mitos, vai muito além do sentido sexual.

As mulheres gregas eram geralmente mantidas em casa fazendo serviços domésticos e geralmente não eram vistas “passeando” pelas pólis. Elas estavam sempre sob a influência e “posse” de um homem. Fosse o pai, o marido, cunhado, filho, etc.

Athena chega então, "questionando" esses conceitos. No mito de seu nascimento Zeus persegue Métis, que se nega a manter relações com ele. Zeus não aceita a negativa e sob a forma de um animal a devora; após certo tempo Zeus sente fortes dores de cabeça, não aguentando, pede a Hefesto que abra sua cabeça com um machado. Da cabeça partida de Zeus nasce Athena.

Em oposição a essa concepção nada consensual Athena nasce adulta, independente e já armada para guerra. Athena conquista o favoritismo de Zeus que, na visão de Homero, não gostava de Ares. Athena é vista como general de guerra enquanto Ares é associado aos soldados.

Athena reúne muitos atributos considerados masculinos na sociedade grega, Athena é deusa da guerra, deusa da sabedoria, deusa da lógica.

Por essas razões alguns mitólogos modernos associam-na muito mais à energia masculina, o princípio yang que a feminina, o Yin. No entanto Athena também tinha seus aspectos femininos, como deusa da tecelagem, por exemplo, ou como mãe de Erictónio. 

Athena demonstra, dessa forma, uma liberdade de ser. Uma redefinição de gênero. Athena é guerreira, Athena é sábia, livre de donos, uma figura pensante e sem amarras, e mesmo assim, mulher. 

Na atualidade podemos associar esse aspecto de liberdade de gênero e funções sociais tanto ao feminismo, que vem lutando por igualdade, quanto aos movimentos das/dos travestis e transexuais que lutam pelo direito de ser quem são.